segunda-feira, dezembro 25, 2006

Religiões - Apontamento 1

Como é Natal, eu arreligioso assumido – mas não ateu – vou escrevinhar um pouco sobre “religiões”, em “postagens” seguidas, mas espaçadas ao longo do tempo.

Diz-me o pouco que sei sobre a História e sobre a natureza humana que o aparecimento das “religiões” resulta da necessidade do Homem, tão antiga quanto ele, de encontrar explicações racionais para o que não entende. Sim, eu considero que a religiosidade resulta da racionalidade.
No início, o tudo não era o “verbo”. No início o tudo era o não saber a resposta para quase nada. Perante a necessidade imperiosa do tentar perceber, o Homem, começou a encontrar explicações para os fenómenos num patamar onde qualquer forma de explicar era plausível, porque não encontrava contraditório palpável no visível. Esse patamar era o patamar das divindades, imensas, e das suas manifestações.
O desígnio dos deuses e as suas acções – normalmente violentas – davam uma resposta “certinha” e adequada ao trovão à tempestade, ao furacão, etc, etc.
O que não se conseguia explicar, o que não se conseguia entender, apesar de inúmeros esforços humanos era, imediatamente, associada ao plano divino e daí, a partir daí, tudo estava acertadamente explicado.
A partir de determinada altura, que coincide mais ou menos, com o período em que o Homem começa a utilizar o metal como matéria prima para variados utensílios, começa a vislumbrar-se o aparecimento mais consistente do “homem dos Deuses”, do intermediário, das primeiras versões do “sacerdote-mago”.
Até aí já havia, em todas as comunidades, alguém mais dado à explicação fenomenológica, encontrando linguagem certa para a explicações das intenções divinas, mas essa faculdade não surgia de nenhum conhecimento especial, que fizesse a diferença perante os outros membros da comunidade, mas apenas resultava de algumas características específicas de alguns indivíduos, em que uma inteligência mais acutilante ou uma personalidade mais delirante, seriam, muito provavelmente, as mais marcantes.
No entanto, com o advento da utilização do metal, em que era necessário um domínio técnico muito apurado, aqueles que dominavam os segredos, sobretudo da fusão -, que lidando com elementos naturais – o metal em bruto e o fogo -, conseguiam proceder a transformações da matéria, fazendo ligas e dando novas formas, muito naturalmente encontraram um lugar de preponderância no seio comunitário.
Podemos dizer que os primeiros ferreiros foram os primeiros sacerdotes-magos, já que dominavam segredos arredados dos outros e conseguiam proceder a transformações na natureza das coisas.