quinta-feira, agosto 31, 2006
quarta-feira, agosto 30, 2006
A Carruagem
Sou eu que vos dou o sentimento de terdes sido paridos. Que vos faço sair na noite, na madrugada, na manhã e na tarde. E vos dou o breu, a luz, o vento e a chuva.
Toda me abro e vos faço entrar. Apressados, desesperados, sempre desesperados, querendo ou não querendo ir, indo, em apressado desespero.
Julgais percorrer comigo o túnel que escolhestes. Julgais mal. Julgais, no entanto, como podeis, assim condenados ao purgatório eterno em sentença antes de culpa formada.
Abro-me. Armadilho-vos…e sugo-vos sem sentirdes que sois sugados, como se fosse um gentil convite. Como se fosse mel escorrido em parede alva. Moscas.
Entrais, certos, oh tão certos que o quiséreis.
Suais tanto, porcos vós que sois.
Confundis-vos no meu sorriso entreaberto, lendo convite na ordem que vos é gritada.
Nestas ruas e alamedas subterrâneas, nestes quartos cave que por baixo vos levo, nem as escorrências sentis a baptizar-vos as faces.
Faces brutas, faces presa, faces estúpidas, fouces.
E vou, vou sempre carregando convosco, sem vos sentir o peso e galgo, vindo-me, indo, rasgando pelo escuro do buraco longo. Cloaca alongada.
E no fim, no fim que vos dou em prémio, no meu fim de vós, cuspo-vos na plataforma forrada a beatas e a lama seca.
Escutando novamente o meu chiar estridente, atentos ao meu reabrir, novamente vos faço entrar vós outros que sois sempre os mesmos. Muitos.
Apressados, desesperados, sempre desesperados, querendo ou não querendo ir, indo, em apressado desespero, com desistência própria dos que partem assim para chegarem depressa ao desengano espremido de um não exprimido equívoco.
Toda me abro e vos faço entrar. Apressados, desesperados, sempre desesperados, querendo ou não querendo ir, indo, em apressado desespero.
Julgais percorrer comigo o túnel que escolhestes. Julgais mal. Julgais, no entanto, como podeis, assim condenados ao purgatório eterno em sentença antes de culpa formada.
Abro-me. Armadilho-vos…e sugo-vos sem sentirdes que sois sugados, como se fosse um gentil convite. Como se fosse mel escorrido em parede alva. Moscas.
Entrais, certos, oh tão certos que o quiséreis.
Suais tanto, porcos vós que sois.
Confundis-vos no meu sorriso entreaberto, lendo convite na ordem que vos é gritada.
Nestas ruas e alamedas subterrâneas, nestes quartos cave que por baixo vos levo, nem as escorrências sentis a baptizar-vos as faces.
Faces brutas, faces presa, faces estúpidas, fouces.
E vou, vou sempre carregando convosco, sem vos sentir o peso e galgo, vindo-me, indo, rasgando pelo escuro do buraco longo. Cloaca alongada.
E no fim, no fim que vos dou em prémio, no meu fim de vós, cuspo-vos na plataforma forrada a beatas e a lama seca.
Escutando novamente o meu chiar estridente, atentos ao meu reabrir, novamente vos faço entrar vós outros que sois sempre os mesmos. Muitos.
Apressados, desesperados, sempre desesperados, querendo ou não querendo ir, indo, em apressado desespero, com desistência própria dos que partem assim para chegarem depressa ao desengano espremido de um não exprimido equívoco.
(Texto de um autor desconhecido)
terça-feira, agosto 29, 2006
A minha teoria da mais absoluta das relatividades
No fim do processo, no fim dos tempos, não haverá mais futuro…tudo será passado e História será em si mesmo um paradoxo e em linguagem matemática será explicada no Manual dos Deuses Aprendizes como “0” (zero) através da expressão: História = H*0/0+0-0=0.
domingo, agosto 20, 2006
sábado, agosto 19, 2006
sexta-feira, agosto 18, 2006
quinta-feira, agosto 17, 2006
quarta-feira, agosto 16, 2006
sábado, agosto 12, 2006
Vitorino Nemésio
Outro Testamento
Quando eu morrer deitem-me nu à cova
Como uma libra ou uma raiz,
Dêem a minha roupa a uma mulher nova
Para o amante que a não quis.
Façam coisas bonitas por minha alma:
Espalhem moedas, rosas, figos.
Dando-me terra dura e calma,
Cortem as unhas aos meus amigos.
Quando eu morrer mandem embora os lírios:
Vou nu, não quero que me vejam
Assim puro e conciso entre círios vergados.
As rosas sim; estão acostumadas
A bem cair no que desejam:
Sejam as rosas toleradas.
Mas não me levem os cravos ásperos e quentes
Que minha Mulher me trouxe:
Ficam para o seu cabelo de viúva,
Ali, em vez da minha mão;
Ali, naquela cara doce...
Ficam para irritar a turba
E eu existir, para analfabetos, nessa correcta irritação.
Quando eu morrer e for chegando ao cemitério,
Acima da rampa,
Mandem um coveiro sério
Verificar, campa por campa
(Mas é batendo devagarinho
Só três pancadas em cada tampa,
E um só coveiro seguro chega),
Se os mortos têm licor de ausência
(Como nas pipas de uma adega
Se bate o tampo, a ver o vinho):
Se os mortos têm licor de ausência
Para bebermos de cova a cova,
Naturalmente, como quem prova
Da lavra da própria paciência.
Quando eu morrer. . .
Eu morro lá!
Faço-me morto aqui, nu nas minhas palavras,
Pois quando me comovo até o osso é sonoro.
Minha casa de sons com o morador na lua,
Esqueleto que deixo em linhas trabalhado:
Minha morte civil será uma cena de rua;
Palavras, terras onde moro,
Nunca vos deixarei.
Mas quando eu morrer, só por geometria,
Largando a vertical, ferida do ar,
Façam, à portuguesa, uma alegria para todos;
Distraiam as mulheres, que poderiam chorar;
Dêem vinho, beijos, flores, figos a rodos,
E levem-me - só horizonte - para o mar.
sexta-feira, agosto 11, 2006
quinta-feira, agosto 10, 2006
Um livro que li há muito tempo e que vale a pena conhecer
"Introduction to Fritjof Capra, Tao of Physics
Fritjof Capra, a fine Philosopher of Science, wrote the Tao of Physics in 1975, exploring the connection between modern physics (quantum theory) and Eastern mysticism / philosophy. Of most significance, is the understanding of the Universe as a dynamic interconnected unity. As Fritjof Capra writes;
In Indian philosophy, the main terms used by Hindus and Buddhists have dynamic connotations. The word Brahman is derived from the Sanskrit root brih – to grow- and thus suggests a reality which is dynamic and alive. The Upanishads refer to Brahman as ‘this unformed, immortal, moving’, thus associating it with motion even though it transcends all forms.’ The Rig Veda uses another term to express the dynamic character of the universe, the term Rita. This word comes from the root ri- to move. In its phenomenal aspect, the cosmic One is thus intrinsically dynamic, and the apprehension of its dynamic nature is basic to all schools of Eastern mysticism.They all emphasize that the universe has to be grasped dynamically, as it moves, vibrates and dances. (Fritjof Capra, 1975)
The Eastern mystics see the universe as an inseparable web, whose interconnections are dynamic and not static. The cosmic web is alive; it moves and grows and changes continually. Modern physics, too, has come to conceive of the universe as such a web of relations and, like Eastern mysticism, has recognised that this web is intrinsically dynamic. The dynamic aspect of matter arises in quantum theory as a consequence of the wave-nature of subatomic particles, and is even more essential in relativity theory, where the unification of space and time implies that the being of matter cannot be separated from its activity. The properties of subatomic particles can therefore only be understood in a dynamic context; in terms of movement, interaction and transformation. (Fritjof Capra, The Tao of Physics)"
quarta-feira, agosto 09, 2006
segunda-feira, agosto 07, 2006
sexta-feira, agosto 04, 2006
quinta-feira, agosto 03, 2006
Quatro de Agosto
Tu que És sendo também carne da minha carne,
Tu a quem acompanho desde o dia em que pela primeira vez viste a Luz e que te tornaste o Astro-Rei da minha vida,
Tu a quem embalei querendo que o teu caminho fosse sempre uma vereda florida,
Tu em quem me revejo e me melhoro,
Tu….
precisas de saber que até hoje, nem por um segundo, deixaste de ser tudo aquilo que me basta e me justifica.
Um beijo.