quarta-feira, novembro 08, 2006

Se um dia cá voltasse








Se um dia cá voltasse gostaria de ser água do mar

...ser sal cristalizado na rocha

...ser escultor de um grão de areia

...ser um fluído que abraça o mundo

...ser uma imensidão para olhar

...ser um rugido rouco que embala

...ser um jardim opaco de árvores sem raiz

...ser o tudo ou nada onde as melancolias vão sonhar

...ser a consistência de quem navega ou flutua

...ser a arca venerada para um corpo de uma alma que dele desistiu

Se um dia cá voltasse gostaria de ser água do mar

2 Comments:

Blogger Tinta Azul said...

O mar

Ondas que descansam no seu gesto nupcial
abrem-se caem
amorosamente sobre os próprios lábios
e a areia
ancas verdes violetas na violência viva
rumor do ilimite na gravidez da água
sussurros gritos minerais inércia magnífica
volúpia de agonia movimentos de amor
morte em cada onda sublevação inaugural
abre-se o corpo que ama na consciência nua
e o corpo é o instante nunca mais e sempre
ó seios e nuvens que na areia se despenham
ó vento anterior ao vento ó cabeças espumosas
ó silêncio sobre o estrépito de amorosas explosões
ó eternidade do mar ensimesmado unânime
em amor e desamor de anónimos amplexos
múltiplo e uno nas suas baixelas cintilantes
ó mar ó presença ondulada do infinito
ó retorno incessante da paixão frigidíssima
ó violenta indolência sempre longínqua sempre ausente
ó catedral profunda que desmoronando-se permanece!

António Ramos Rosa

10:14 da manhã  
Blogger nana said...

eu também.

4:47 da tarde  

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