Portodepressivo
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O Porto, dita cidade capital do norte do País, urbe a que minha naturalidade periférica me condenou a amar, está mergulhada numa letargia depressiva, parecendo que a tristeza forte e rude do granito, lhe contaminou a alma, outrora quezilenta mas generosa, desconfiada mas aventureira.
O Porto de hoje é uma cidade de silêncios. Não porque não continuem a existir vozes, mas essas vozes não têm eco, essas vozes têm como interlocutora uma surdez arrogante que mais não é do que uma manta onde se agasalha e encobre a ignorância e a covardia.
Vozes sem eco, são silêncios de revolta em fermentação.
E o Porto, outrora cais de chegada, transformou-se numa cidade que morre lentamente porque se desertifica.
As pessoas, as gentes, causa e consequência da cidade, fogem.
Fica uma velha e triste burguesia, vinhateira, snob e degenerada, contentinha com o caudilho limitado, autoritário, inculto e cheio de medo que a sorte dele e o azar de muitos catapultou...até um dia.
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