domingo, julho 09, 2006

A credibilização institucional do “Governo” do País é fundamental para a Nação


Tendo em conta a degradação do prestígio de quase todas – para não dizer todas – as instituições que caracterizam o nosso sistema e formatam a nossa democracia, não é preciso ser socialista – ou sequer apoiante conjuntural do PS – para apreciar o desempenho de José Sócrates enquanto Primeiro-Ministro. O seu estilo sóbrio, a sua noção clara da natureza do poder que exerce, o seu conhecimento dos mecanismos da comunicação e a forma pró-activa como tem liderado a acção do Governo nas acções mais difíceis e polémicas, tem, através do plano do concreto, trazido paulatinamente uma credibilidade abstracta ao Governo. A credibilização institucional do “Governo” do País é fundamental para a Nação. Se o “Governo” não for uma instituição credível e entendido como socialmente útil pela população nenhuma outra instituição sobrevive ao descrédito, com as consequências dramáticas para Portugal que tudo isso acarreta. Pessoalmente concordo com muitas das medidas desenvolvidas pelo Governo e discordo de muitas outras, mas isso faz parte do processo da vivência em democracia, e quando for altura, pesando o que tiver que pesar, sentenciarei, através do meu voto, o que tiver que ser. Grave, muitíssimo grave, é quando no final de uma legislatura não há matéria para poder ser avaliada, a não ser o “nada”. Do ponto de vista dos princípios orientadores da política do Executivo não há, do ponto de vista partidário, grandes diferenças entre o PS e o PSD e até mesmo o CDS, sobretudo atendendo ao facto que os principais problemas do País residem na Educação e na Economia, e as soluções disponíveis no âmbito da esfera ideológica desses três partidos são as mesmas ou substancialmente semelhantes, com mais ou menos tiques neo-liberais, com mais ou menos tiques providencialistas. Não havendo diferença quanto às premissas da orientação política, a aplicação concreta das medidas, que implicam sempre contestação social e incómodo a interesses instalados, depende muito da vontade e da personalidade de quem temo como missão liderar e reformar. O Eng. José Sócrates tem conseguido exercer essa liderança com eficácia e eficiência, dificultando muito o papel da oposição mas devolvendo, no plano do simbólico, ao Povo uma sensação de segurança e confiança como há muito não acontecia. Por uma feliz coincidência o perfil do actual Presidente da República, que do ponto de vista relacional evoluiu muitíssimo desde a época em que foi Primeiro Ministro, tem contribuído positivamente para o indispensável percurso da credibilização das várias instituições do regime, cujas principais mazelas já não residem na esfera da política partidária mas sim no refrescar e reforçar das suas próprias estruturas sustentadoras.